A coleção de produtos Sertão Árabe é uma criação inspirada na conexão entre o sertão nordestino e o mundo árabe. Rodrigo Fernandes é o artista idealizador deste projeto e apresenta ao público suas novas peças exclusivas, cheias de histórias e personalidade.

Pesquisa Bibliográfica Antropológica-Histórica

O Nordeste carrega consigo traços e elementos que formaram sua identidade ao longo de décadas. A influência dos povos árabes e berberes, que compunham os mouros, está presente de várias formas na cultura tradicional nordestina, tanto em elementos diretos quanto indiretos. Assim como na cultura tradicional árabe e berbere, o ambiente e o cenário do Nordeste se assemelham ao deserto, com suas paisagens, elementos naturais e vestimentas.

A cultura moura chegou à Europa durante a Idade Média, trazendo diversos elementos culturais, como práticas de leitura, joalheria e vestimentas. Essa herança foi transmitida e adaptada ao redor do mundo, chegando ao Nordeste brasileiro principalmente por meio da colonização portuguesa, que também havia sido influenciada por séculos de convivência com as tradições mouras.

A presença árabe e berbere, em sua nova constituição dentro dos elementos tradicionais nordestinos, se faz presente na arquitetura, como nos azulejos e nas casas de taipa. Embora essas construções possam parecer simples, elas carregam conhecimentos e saberes antigos, que resistiram ao longo dos séculos graças às tecnologias sociais desenvolvidas pelos povos árabes e berberes. Além da arquitetura, outros aspectos da cultura nordestina refletem essa influência. O gibão dos vaqueiros nordestinos, por exemplo, é derivado da “juba” moura. O chapéu bicorne, popularizado pelos cangaceiros, especialmente Lampião, é decorado com estrelas de cinco e seis pontas, símbolos com raízes na tradição mística islâmica. As mantilhas e véus usados pelas mulheres também lembram as práticas de modéstia islâmica.

Na culinária, o cuscuz é um prato tradicional que teve sua origem adaptada do cuscuz norte-africano, substituindo a sêmola por milho. Pratos como a cabidela também refletem adaptações de receitas árabes e mouras.

A música e a poesia nordestinas, incluindo o repente e o aboio, têm raízes na tradição oral árabe e berbere. Instrumentos musicais como o alaúde e o tamborim, introduzidos pelos muçulmanos, são utilizados até hoje na música nordestina.

O uso de mandingas, amuletos contendo versos do Alcorão, é outro exemplo de como os elementos islâmicos foram incorporados à cultura nordestina, muitas vezes como proteções mágicas e sincréticas.

Os conhecimentos e tecnologias transmitidos pelos povos árabes e berberes ajudaram a moldar a identidade cultural do Nordeste, criando uma rica tapeçaria de influências que perduram até hoje.

Editorial Sertão árabe

Joalheria Sertão árabe

Pedras utilizadas: Citrino, Ágata de fogo, Granada, Turquesa, Lápis Lazúli, Unakitas, Turmalina Verde, Madrepérola.
Metais: Prata

Desenho e montagem de joias: Rodrigo Fernandes
Assistente de montagem: Viviane Brito
Ourives: Ateliê Caio Freire

Ficha técnica:
Concepção e Design: Rodrigo Fernandes
Stylist e Direção Executiva: Bárbara Freire
Fotografia e Direção de Arte: Augusto Junior
Captação, Direção e edição de vídeo: Luiz Edé
Costureira: Leonor Fernandes
Modelos: Jule Silveira e Mattheus Corpo
Música: The Anatolyan Side e Tiquinha Rodrigues
Ourives: Ateliê Caio Freire
DJ e pesquisa musical: Augustonto
Apoio: São da Adri e Mahalila Café e Livros

Este projeto é parte do Edital de Seleção de Projetos Multiculturais da Lei Paulo Gustavo n.º 02/2023 do Ministério da Cultura do Governo Federal, Governo do Estado do Rio Grande do Norte, por meio da Secretária de Estado da Cultura e fundação José Augusto.